terça-feira, 15 de novembro de 2016

"A DESINTEGRAÇÃO DA PERSISTÊNCIA DA MEMÓRIA" - UM PEDIDO IRRECUSÁVEL...





"A Desintegração da Persistência da Memória" - Dalí


 "A Desintegração da Persistência da Memória" - Pintura que pensávamos fosse de Dalí. Esta versão foi tirada da NET, mas ficou-nos a incerteza de que seja a original do pintor. No entanto, foi ela que serviu de modelo para a nossa primeira versão do quadro.


"Passagem do Tempo" (Adaptação)(*)


Novo pedido... A reprodução do quadro "A Desintegração da Persistência da Memória" __ será de novo um novo desafio. Quando é este o quadro mais desejado, quem pode recusar este pedido, ainda que, mesmo com ajuda(*), nem sempre seja fácil de executar, pois é um trabalho de minúcia e persistência. Mas "tem que ser este" a ser feito... A seu tempo, veremos como vai ficar.

Gosto muito dos dois quadros de Dalí ("A Persistência da Memória" e "A Desintegração da Persistência da Memória") . Mas qual a razão de todo o seu fascínio para miúdos e graúdos?!... E pensar que, segundo se conta, "A Persistência da Memória" foi um quadro criado e pintado quase na totalidade numa só noite por Dalí. Que, no conjunto, levou menos de cinco horas a pintá-lo...


"A Persistência da Memória"


A beleza das cores e a profundidade conseguida, são comuns a ambos os quadros de Dalí. Cores como a de um crepúsculo, onde o dia se esvai e a noite vem chegando. No entanto, a aparente tranquilidade e paragem no tempo de "A Persistência da Memória", contrasta com a sensação de movimento e início de desorganização provocada pela fragmentação da imagem que se desfaz em pedacinhos, tal como se vê em "A Desintegração da Persistência da Memória". Será que é isso que vai acontecendo connosco com o passar do tempo? As nossas raízes permanecem aparentemente inalteradas, mas os factos mais recentes gravados na nossa memória vão-se misturando e confundindo no tempo, ele próprio menos definido. Aí o tempo torna-se maleável e relativo, quando o passado e  o presente se fundem, numa mistura de sonho e realidade. Certamente não terá sido este o sentido que Dalí deu aos seus quadros, mas é a interpretação que ao tentar "lê-los" consigo vislumbrar.

Qual será a leitura que deles fazem quem tanto quer a reprodução destes quadros? Se calhar, apenas gostam deles porque gostam, sem que para isso os mesmos tenham que ter algum sentido específico...




"A Persistência da Memória" de Salvador Dalí



"Tempo de Espera " 1 e 2 (Adaptações) (*)


Por curiosidade, procurei saber qual o significado dos diferentes elementos que compõem estes dois trabalhos de Dalí, nomeadamente as formigas e a estranha figura pestanuda que se encontra debaixo do relógio que está mais à direita no quadro.  

No quadro de Dalí , "A Persistência da Memória", no canto inferior esquerdo da tela, estão figuradas algumas formigas que se reúnem em cima de um dos relógios. Estes insectos são a única representação de vida na pintura, além da mosca sobre o relógio que se encontra ao lado. Sempre quis saber o que representariam. Hoje, julgo saber. Foi uma surpresa. O pintor surrealista não gostava de formigas e quando as colocava nas suas obras era com o objectivo de simbolizar a putrefação. Não tendo conhecimento do seu significado na altura, nos nossos quadros as formigas são apenas sete, representando os sete dias da semana, já que de acordo com a fábula de La Fontaine as formigas são o símbolo do trabalho, ainda que esse "trabalho" seja o da busca da felicidade no dia a dia.

Em "Tempo de Espera" 1 e 2, as duas adaptações de "A Persistência da Memória", os ponteiros dos relógios marcam as horas de acordo com a altura em que nasceram os destinatários dos quadros, o JP e o A. 

Ainda nestas adaptações, se pode ver que as "pedras" sobre que se debruça um dos relógios, têm formas diferentes da da figura representada no original. No "Tempo de Espera" 1, a forma lá representada pretende figurar o ventre de uma mulher grávida __ já que se pode medir o tempo, antes e depois do nascimento de alguém, de um projecto ou de uma amizade. No "Tempo de Espera" 2, a forma representada é uma pedra que corresponde ao obstáculo que pode ser vencido pelo tempo para quem gosta de aventura e de todo-o-terreno. Estas "pedras" estão no lugar daquela forma de longas pestanas que para nós é estranha e que, hoje, sabemos que representa o próprio Dalí e a antecipação da sua morte.

É uma interpretação talvez um pouco abusiva e forçada. Trata-se de reproduções muito mais personalizadas e menos generalizadas do que aquilo que o pintor certamente idealizou. Mas é a nossa leitura e a nossa forma de representar em termos de tempo quem nos está mais próximo. Esperemos que para Dalí, isso não fosse um "sacrilégio"... Mas que aceitasse esta forma de satisfazer o desejo de jovens para quem Dalí é uma referência na Pintura.

Embora, para mim, nem sempre as suas obras sejam compreensíveis na sua globalidade ou em pormenor, também o admiro como o criativo e pintor exímio que foi. Talvez, por isso, consiga compreender esta paixão despertada pelas suas obras nos jovens. Uma pintura aparentemente "linear", luminosa e diferente deste pintor irreverente e tão à frente no seu tempo!...  






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