terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

"OEIRAS SOBRE O RIO TEJO" - LEITURA DE UM QUADRO/ UM DESAFIO




"Oeiras" - Malay - 2008


Oeiras. Uma vila das maiores de Portugal agradável de se viver... Debruçada sobre o estuário do Rio Tejo. O desafio?!... Representá-la de uma forma simbólica no que a possa caracterizar.



Oeiras. Terra de encontros do Passado, do Presente e do Futuro. Um Passado carregado de História... A vida ribeirinha... Os barcos modo de vida e de recreio. Um Presente virado para o Futuro, pólo de trabalho para uma vida moderna... E o Presente sempre Passado e Futuro, a sua costa calcária, recortada em formas de mil volumes onde a marca de um passado geológico fica gravada na abundância dos seus fósseis e nas pedras roladas que lembram que a vida é feita de movimento tal como Oeiras, terra de oportunidades...







"EU SEI TANTO..."






Numa manhã de sol, faz alguns anos, a casa estava a arejar. As janelas de grandes portadas estavam abertas. A mãe atarefada fazia as camas do quarto que dá para um pequeno balcão de onde se vislumbra a pequena eira onde se seca o milho.
Entretanto, um dos filhos, então pequenito, espreitava da varanda. Até que, a certa altura, pergunta à mãe que continuava dentro do quarto a fazer as camas:
__ "Mãe, ali é uma galinha. Não é, Mãe?!"; e a mãe respondeu, continuando a esticar os lençóis: __"É, filho."
Passado um momento, volta a perguntar: __"Mãe... E ali é outra galinha, não é, Mãe?!" De novo a resposta foi afirmativa.
Um pouco depois, uma nova pergunta: __"Mãe... e ali é um galo, não é Mãe?!..." Nova resposta positiva, entre o alisar da dobra do lençol.
Fez-se silêncio. Passados uns instante, o pequenito volta para dentro do quarto e, com o peito cheio de orgulho, diz: __"Eu sei tanto..."

É tão bom quando, com tanta felicidade, sabemos tanto. E, sobretudo, temos quem apoie a nossa sapiência!

À medida que vamos crescendo, vamos sabendo cada vez menos, mas era tão bom que continuássemos a estar orgulhosos dos nossos saberes. Pelo menos isso significa que alguma coisa ficou das nossas aprendizagens, nem que fosse com a nossa mãe a fazer a cama e a responder: __"Sim, meu filho", pelo simples facto de gostar de nós.



sábado, 8 de fevereiro de 2014

A PALETA DE CORES E A VIDA ...



1ª Paleta  - Fevereiro 2014


A vida dá-nos as cores... Uma paleta que vai do negro profundo ao amarelo luminoso, passando por uma infinidade de tons que nos trazem os mais diversos sentimentos. Às vezes, é difícil conseguir alcançá-la, mas a felicidade está dentro de nós e é lá que a podemos encontrar quer saibamos disso ou não... É feita, sobretudo, de pequenas coisas... 

Se o dia não começar bem. O melhor é relembrar esta frase de Thomas Carlyle: "O nosso objectivo não é fazermos o que se encontra vagamente à distância, mas fazer o que se encontra claramente ao nosso alcance"... Pois o amanhã não vem nunca porque é adiado para o dia seguinte, por isso, tratemos de ser felizes a despeito do que a vida nos der, porque o único meio pelo qual podemos assegurar a nossa felicidade é exercitarmo-nos a ser felizes. 



"Sonhos" - Malay - 2009


"Púcaro Transbordante de Cerejas"
(Reprodução de autor desconhecido) 


Quando a concretização de alguns dos nossos sonhos que são frágeis e difusos como bolas de sabão se torna numa realidade é saboreá-los quais pequenas cerejas doces que nos dão alento à vida. Nem sempre conseguimos um púcaro cheio e transbordante mas ainda que sejam pouquinhos algum sabor nos fica e a vontade de continuar... Sim. Procurar fazer o melhor das oportunidades que aparecerem no caminho.




quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

ESTAÇÕES DE METRO EM LISBOA / PORTUGAL - ESTAÇÃO DO SALDANHA







Estação do Saldanha - Lisboa - Portugal - 2014


O dia estava chuvoso. Há um tempo que não entrava nesta estação de Metro que me surpreendeu agradavelmente. Mesmo a quem vá apressado não consegue passar despercebido. Tem um ar de tranquilidade e sobriedade que faz abrandar o passo. Não será tão imponente ou curiosa como as de Moscovo, Estocolmo ou outras cidades da Europa, mas dá outro prazer viajar, sobretudo quando vimos a escapar da chuva...


Estação de Metro de Moscovo
 (Foto retirada da NET)

Estação de Metro de Estocolmo
 (Foto retirada da NET)



terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

UMA AVENTURA EM ÁFRICA - O CAOS E O DELÍRIO NUM PARQUE DO QUÉNIA





Parque Nacional de Amboseli - Quénia 
(Montagem de fotos retiradas da NET)


África... As casinhas de madeira dispersas no meio dos jardins arranjados de maneira simples; os lampiões distribuídos ao longo dos caminhos bordejados por corrimãos de madeira e as árvores de pequeno porte que se encontravam, também elas, dispersas aqui e ali, tendo como fundo o Quilimajaro, sempre que a neblina o permitisse... nada fazia antever a cena que iríamos presenciar...

Entrámos numa das casinhas onde se vendiam as mais variadas coisas __ peças de artesanato, camisolas com o desenho tão conhecido do monte, bonés, óculos, bugigangas várias, guloseimas, amendoins...

Era comum ouvirem-se gritos dos animais que andavam livremente pelo recinto, ou perto dele. Mas, quando entrámos dentro da loja, ouvimos um alvoroço enorme... Parecia que um batalhão corria por cima das nossas cabeças. Ouvíamos os sons de pancadas sobre o telhado de madeira, gritos e guinchos. Parecia que estávamos prestes a sofrer uma invasão. E, de facto, assim foi. Passados uns momentos, vemos recortar-se contra a luz da porta um vulto ágil e relativamente pequeno. Entrou na penumbra da loja e, rapidamente, voltou a sair. Levava alguma coisa na mão...

A barulheira continuava lá fora... Logo de seguida, somos surpreendidos por um outro vulto que, rápido e sorrateiro, fez exactamente o mesmo que o anterior. Nessa altura, já a empregada da loja corria atrás do larápio, gritando furiosa... (Qu'é da moça simpática e delicada que nos estava para atender?!...) Sem dúvida, deve ser desesperante, porque eles fazem sistematicamente aquilo. Vêm aos amendoins...

Talvez já tivesse sido tempo de dar uma solução. Mas, a porta da loja tinha que permanecer aberta... E, se calhar, sem este tipo de episódios, quem lá vai ficava sem mais uma história para contar.

Quem diria que um ambiente tão tranquilo e organizado, de repente, se poderia transformar no caos e num delírio de graça e de susto ao mesmo tempo!...

É que aqueles pestinhas são levados do diabo...Ainda no passeio da manhã vimos um deles roubar uma máquina fotográfica, mesmo à nossa frente, levando-a para a copa de uma das árvores que ficavam diante de nós. Difícil é reagir. É que estes ladrõezitos estão bem equipados para nos pregar a partida... São macacos-cão ágeis, fortes e com uns focinhos que fazem lembrar os de alguns cães, daí o seu nome.

E, macacos me levem, se não apanhámos um susto... Gostamos de animais. Não somos muito assustadiços. Mas quem não fica surpreso no meio de todo aquele reboliço?!... Imagine-se, então, se era a nossa máquina que levavam.

Já que as "feras" eram atrevidas mas aparentemente inofensivas, valha-nos a animação dos macacos. Esses grandes "entretainers". África tem destas coisas nem que sejam os "ladrões trepadores". Quem diria que, durante o dia, e a qualquer momento podemos estar sujeitos à investida daqueles larápios eficientes que nos assaltam vindos da copa das árvores ou de cima de um telhado.

   

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

À DESCOBERTA DE LISBOA NOS TÚNEIS DA ESTAÇÃO DE ALCÂNTARA - LISBOA - PORTUGAL...








Ainda há pouco se passava por estes túneis cinzentos e sem graça. Hoje, têm uma história para contar para além das histórias de quem por ali anda... Hoje, convidam-nos a viajar numa cidade debruçada sobre o Tejo. É alento para quem começa e acaba o dia em ida e vinda de Lisboa. Hoje, debaixo deste apeadeiro mora um mundo de cor e arte que alegra quem por ali passa. Foi uma estação que fez história na história da muitas vidas e que, hoje, vejo renascida pelo pincel de vários jovens artistas.  



Estação de Alcântara-Mar - Lisboa - Portugal - 2014

E-MAILS "VERSUS" CARTAS





Oeiras  2014

"Correio electrónico" __ Uma forma de comunicar. É mais imediato, é directo, é espontâneo, promove a imagem e o som, chega na altura certa porque está sempre lá... Não é preciso tocar à campainha.

Nós ainda nascemos no século XX, altura do correio tradicional. Uma folha de papel e o seu cheiro, uma caneta e a sua cor, o envelope cuidadosamente preenchido, o selo variado que se podia coleccionar, a forma da letra... Tudo ingredientes que lhe davam outro sabor e exclusividade... Cartas guardas que vencem a passagem dos anos e relembram quem, por vezes, já partiu, a data festiva, a amizade esquecida. Cartas que carregam a raiva ou o carinho de quem as escreveu... a indiferença do fisco, a alegria da novidade que hoje já é passado ou se tornou presente. A promessa que se deseja cumprida ou a ameaça que trouxe ansiedade... o desenho e a frase que arrancam sorrisos da terna lembrança, da inocência da criança que entretanto se fez adulto... A assinatura por mão própria... 





Estação de Oeiras- Portugal - 2014

Mas o "correio electrónico", que não está isento de alguns riscos, é também entusiasmante e muito à século XXI. As ideias, as imagens, os sons saem do nosso teclado e partem mundo fora ao encontro de quem nós queremos e está longe ou, às vezes, tão perto... É uma janela aberta para um mundo que, frequentemente, desconhecemos. É uma forma de quebrar o isolamento numa partilha que esperamos seja bem vinda. É um mundo novo que se abre na "caixinha" que temos à frente de nós, o embarcar numa aventura de desafios que podem ter riscos mas também nos trazem prazer...


                                           




domingo, 2 de fevereiro de 2014

A MINHA APROXIMAÇÃO À OBRA DE PICASSO - DE "MARIA PICASSO" (SUA MÃE) À "A MÃE SALTIMBANCA"



Independentemente das controvérsias suscitadas pela sua obra e atitude, Picasso é um dos grandes mitos do século XX, sendo considerado por muitos como o génio da Arte Moderna.

Com uma obra gigantesca ainda hoje não completamente conhecida, destacou-se em vários campos da Arte para além do Desenho e da Pintura, como a Escultura e o Artesanato de Arte. A obra de Picasso atravessou várias fases. O número dos seus trabalhos anda à volta de uma dezena de milhar... Mas há um quadro que me impressionou verdadeiramente do início da sua carreira. Não sei o seu nome, guardo a fotocópia faz anos...


Fases iniciais da obra de Picasso...


Uma grande parte das obras de Picasso será extremamente artística e/ou de valor interventivo, mas sinceramente não me agrada. É o caso de muitos dos seus desenhos, por exemplo, e que do meu ponto de vista, chegam mesmo a ser tenebrosos e profundamente feios. Até mesmo incomodativos... possivelmente correspondendo aos propósitos do pintor. Foi o que encontrei no Centro Cultural de Cascais quando soube que lá estavam expostos trabalhos dele... A desilusão foi total. Afinal eram só esboços e desenhos muitos deles eróticos e/ou de uma violência de traço que me deixou desconfortável...

Já "Guernica" tem um propósito, para mim compreensível, representar os horrores da guerra após o bombardeio da cidade basca de Guernica pelos aviões da Luftwaffe de Adolf Hitler. "Esta grande tela incorpora para muitos a desumanidade, brutalidade e desesperança da guerra". Daí a sua beleza e interesse... 


"Guernica"
Painel pintado por Pablo Picasso em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris


Talvez o meu problema esteja em não compreender a mensagem do pintor em muitos dos seus trabalhos... 


Para mim, Picasso foi um pintor extremamente hábil, criativo e inovador para a sua época. Mas, do muito pouco que conheço da sua obra, para além do Cubismo (1906 - 1915), de pinturas como algumas do seu início de carreira e dos seus Períodos Azul e Rosa, só alguns me impressionaram verdadeiramente...


Foi o caso de Maria Picasso. Estávamos nos anos 60/70 em Angola, não havia televisão ou NET, encontrei-o por acaso num livro e tentei fazer o desenho. Impressionou-me pela beleza do traço e tranquilidade da imagem. Foi a minha primeira aproximação à obra de Picasso.



Maria Picasso -  Mãe do pintor

Anos mais tarde, foi o caso de a "ENGOMADEIRA", que me impressiona pelo seu completo desespero e resignação ou  a "MULHER COM GRALHA", pelas cores e pela ternura que transparece plena de cumplicidades...


"Engomadeira" - Período Azul de Picasso - 1904


"A Mulher com Gralha" - Período Azul de Picasso - 1904


Mas "MÃE E FILHO (SALTIMBANCOS)" , um trabalho de guache sobre tela, foi paixão à primeira vista - os seus tons pastel, a difusão das cores, a sua tranquilidade... O xaile, a mesa, o prato, a faca... Tudo nele me encantou. A capacidade de transmissão de sentimentos que quase nos roça a pele... O tempo parece ter parado no espaço. As duas figuras sentadas juntas estão distantes __ o rapazinho indiferente e triste parece ter crescido depressa demais, a mãe ausente, jovem e bela perde-se nos seus pensamentos difusos e aparentemente profundos ou distraídos... 


"Mãe e Filho (Saltimbancos)" - Picasso - 1905


"Mãe Saltimbanca" - Malay - 2006

Uma vez mais, com os "toquinhos" de quem nos orienta nestas lides, abalancei-me... Adorei fazer este trabalho, só que a óleo, com outras texturas, com espátula e outros truques que tornam fácil o que às vezes parece mais difícil. Aprendi imenso com ele. 



E, durante muito tempo, era o quadro que me dava os bons dias quando descia as escadas de manhã, lembrando-me ainda que tudo é mais fácil quando temos quem nos ensine como... Pode ser um livro ou o ensinamento de alguém.

Será que Picasso ficou, para mim, "encerrado"?!... O tempo o dirá. 



(Algumas das fotos e informações retiradas da NEt ou do livro "Picasso" de Carsten-Peter Warnke da Taschen)








sábado, 1 de fevereiro de 2014

"SOMOS AQUILO QUE SOMOS" - LUANDA / ANGOLA - ANOS 60 - "ANTENA 4"




"Antena 4" - Luanda - Angola

Tínhamos um canto na cave que funcionava como o nosso "Clube". Era um espaço de "acesso reservado".


Resolvemos fazer um "jornal". Não tínhamos máquina de escrever, não havia fotocópias. Tudo tinha que ser feito à mão.


Que nome escolher? "Antena 4"... Não era rádio, não havia grande explicação, apenas nos soava bem e éramos basicamente quatro.


Escusado será dizer que não passou do primeiro número e, diga-se em abono da verdade, de um único exemplar. O que restou? Uma folha de papel cavalinho com a reprodução de uma pequena história de banda desenhada do Banzé feita a lápis de carvão que ainda hoje conservo.

No essencial a história é a seguinte:

O Banzé vê um pato a caminhar e começa a imitá-lo andando com as patas para os lados e bamboleando o corpo. Desata a rir-se e diz: __" Patos andam de jeito gozado..."
O pato  fica furioso e, então, começa a "farejar" o chão.  Ri-se à gargalhada dizendo, por sua vez: __"Cachorros cheiram de um jeito gozado..."
O Banzé engoliu em seco.

CONCLUSÃO: Somos aquilo que somos.


E foi esta a minha única incursão no "mundo  literário e editorial", para além de uma tentativa falhada de escrever um livro de aventuras.

As décadas passaram... As máquinas de escrever vão ficando desactualizadas, os computadores, as impressoras, as máquinas digitais, a NET, ... e o que está para vir, permitem-nos o atrevimento de escrevermos não sabemos bem para quem, para o outro lado do Planeta, à velocidade de um "clic"...

Fica porém a lembrança de uma folha de papel de cavalinho guardada como recordação de um projecto inviável, só possível na cabeça de quatro crianças... numa "gráfica feita a lápis de carvão". 

Para a "emissão de imagens" já nem precisamos necessariamente de antenas, apenas de ligação à NET e à electricidade que não podem ser arrumadas no fundo de uma gaveta, mas podem correr mundo à velocidade da luz...