sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

DUAS ROSAS...





Pétalas de rosas


Era uma tarde nublada. A vila estava cheia de gente que se juntava na capela. O cortejo seguiu para a igreja que ficava um pouco distante. Eram muitas as coroas de flores. As pessoas seguiam, na sua maioria a pé com um ritmo cadenciado.

Ficaram um pouco para trás. Quando chegaram ao portão do recinto da igreja, a maioria das pessoas já tinha entrado. Deu com duas rosas caídas no chão e um raminho de minúsculas flores brancas.

Momentos antes, a mãe tinha-lhe dito: __"Não trouxe flores..." Respondeu-lhe: __"Não faz mal, isso não é importante."

Segundos depois, as flores estavam ali no chão à espera de serem colhidas. Apanhou-as.

Permaneceram à espera na sua mão. Não conseguiram entrar na igreja. Tiveram que esperar lá fora que a missa acabasse.

O cortejo dirigiu-se para o pequeno cemitério que ficava mesmo atrás. Passou diante da guarda de honra. Ouviram-se os disparos que saudavam aquele homem bom, amigo e que tanto amou a vida.

Os ramos e coroas de flores jaziam à espera, em cima de uma laje de pedra. Foram colocados na campa. O "raminho" ficou. Duas rosas amarelas e rosa. Até que alguém as estendeu para as mãos da prima que as juntou às outras flores. Duas rosas. Os seus tios, finalmente, descansavam em paz um ao lado do outro, virados para aquela mata de eucaliptos. O mesmo tipo de árvores que anunciavam a proximidade da quinta em que tinham vivido.

Continuo a não conseguir acreditar em Deus. Mas acredito nas pessoas de fé e no seu exemplo. Eles eram um exemplo. E, às vezes, penso que as coisas não acontecem por acaso. 




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